Entre os presos em uma operação da Polícia Civil de combate a uma facção criminosa que age em Uruburetama (Vale do Curu) está um servidor que era lotado na Secretaria de Administração, Planejamento e Finanças (Seafin) da Prefeitura do município. Paulo Jhonatha de Sousa Chaves, de 38 anos, ocupava o cargo de chefe de patrimônio da pasta.
Paulinho da Pizzaria, como é conhecido, foi preso no último dia 21 de agosto, quando policiais civis foram às ruas de Uruburetama para cumprir 15 mandados de prisão preventiva. Além de Paulo Jhonata, outros quatro suspeitos foram presos, enquanto os demais seguem sendo procurados.
Conforme o relatório da investigação, elaborado pela Polícia Civil, Paulo Jhonata auxiliava um homem apontado como o segundo na hierarquia do CV em Uruburetama, identificado como Francisco Rodrigues de Lima Júnior, conhecido como Júnior Lajeiro — este homem viria, posteriormente, a morrer.
De acordo com a Polícia, Paulo Jhonata e Francisco Rodrigues administravam um clube, “local onde realizam-se festas da organização criminosa, venda de drogas e reuniões de integrantes da facção que tenham um número maior de integrantes”.
Em depoimento referente a uma investigação acerca de uma denúncia de fornecimento de bebidas alcoólicas a menores no clube, Paulo Jhonata negou ser sócio do estabelecimento. Conforme disse em janeiro deste ano, ele apenas cuida do bar do clube, assim como realiza a contratação das atrações musicais.
Em seu depoimento nesse inquérito, Francisco Rodrigues, porém, disse que Paulo e uma outra pessoa seriam seus sócios na empreitada. A Polícia Civil ainda narrou que a esposa de Paulo Jhonata transferiu R$13.200 para que Francisco Rodrigues pagasse uma fiança, quando, em 2023, este foi preso por crime de trânsito.
“Por fim, PAULO JHONATHA foi flagrado em uma filmagem junto com lideranças da facção na cidade de Itapipoca”, apontou o Ministério Público Estadual (MPCE), que também foi favorável à prisão.
Paulo Jhonata foi exonerado pela Prefeitura de Uruburetama.
Acusações contra os outros presos
Além de Paulo Jhonata, foram presos em 21 de agosto: Douglas Rodrigues Silva Dola, conhecido como Dodô, de 25 anos; Edilson Alves Ferreira, conhecido como Dil Vermelhin, de 45 anos; José Augusto Pereira Lima, conhecido como Zé Augusto, de 43 anos; e Marcelo Lopes de Sousa, conhecido como Marcelo, de 38 anos. Todos eles foram indiciados pelo crime de integrar organização criminosa.
José Augusto aparece em um relatório da PM como um dos partícipes de um ataque a tiros efetuado por integrantes do CV contra rivais da Guardiões do Estado (GDE), episódio ocorrido em 8 de fevereiro de 2023, na localidade de Severino, em Uruburetama.
“Neste relatório, o representado é tido como um dos matadores encarregados de realizar a segurança e o transporte de drogas, além da cobrança de eventuais devedores”, afirmou o MPCE. “Ademais, a Autoridade Policial informa que ‘ZÉ AUGUSTO’ é conhecido como executor da facção Comando Vermelho na cidade de Uruburetama”.
Douglas também foi apontado como responsável por ataques, execuções e por traficar drogas no município. Em um celular apreendido em 2021 com um suspeito de integrar o CV, foi encontrada uma conversa no aplicativo Whatsapp em que há uma lista de pessoas que viriam a integrar o nome do CV. Entre os nomes, está o de “Dodô”.
Já os nomes de Edilson e Marcelo apareceram em uma lista de pessoas que “trabalhariam” para o CV, encontrada, no mesmo celular, em um grupo de Whatsapp criado para gerenciar as atividades do CV no município.
“Nesse grupo, quem mostra o papel de liderança é a pessoa de alcunha 'L7'”, consta no relatório elaborado pela Polícia Civil. L7 foi identificado como Francisco Thiago da Silva Sabóia, que é procurado pelas forças de segurança.
“O mesmo põe os informes do CV, mais conhecidos como salves. Além de determinar quem vai vender o branco (cocaína), o valor do pino e a maneira da venda”, é afirmado no relatório.
Edilson também teve o celular apreendido durante busca e apreensão e extração de dados revelou que, no aparelho, havia fotos de drogas, de símbolos alusivos ao CV e de outros suspeitos de integrar a facção.
A operação Fobos — Uruburetama Livre do Medo foi realizada pela Delegacia Municipal de Uruburetama, pela Delegacia Regional de Itapipoca e pelo Departamento de Polícia Judiciária do Interior Norte.
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