Pelo menos 36 famílias precisaram sair de suas casas após o transbordamento do Rio Ceará inundar, nessa terça-feira, 4, parte do bairro Conjunto Metropolitano, em Caucaia, na Região Metropolitana (RMF). Moradores foram abrigados em uma escola local e alguns chegaram a perder diversos bens materiais.
Inundação aconteceu após chuvas intensas terem atingido o Ceará ontem. Precipitações fizeram com que o rio que corta o bairro (popularmente conhecido como Picuí), transbordasse.
Água tomou as ruas e invadiu residências, levando populares a saírem apressados dos imóveis, carregando apenas o necessário e deixando bens que conquistaram para trás.
Logo após ocorrido a Prefeitura de Caucaia ofereceu abrigo temporário na Escola Municipal Antônio Miranda de Melo, onde os familiares que ficaram desalojados em razão da ocorrência estão sendo assistidos por equipes de assistência social, profissionais da saúde e outros órgãos municipais.
Entre os abrigados está Vitória Viana, 24, que saiu de casa ao perceber a gravidade do que acontecia. "Começou era dez horas da manhã, (a água) desceu rápido demais. Foi questão de segundo (...) Deu tempo de salvar nada", conta, completando: "Só (sobrou) eu e meus filhos, somente, perdi tudo".
Moradora ainda pontua que o problema é recorrente na região: "Todo ano a gente passa por esse constrangimento (...) Eu já não tenho mais nem gosto de comprar nada pra minha casa".
Francisca Raimunda, 50, também viu a água levar seus bens materiais. Ela conta que seu irmão havia acabado de chegar em sua casa e fazia um café para tomarem quando receberam o aviso de terceiros que o rio havia enchido. Antes mesmo de acreditarem na informação a casa onde estavam foi atingida.
Cadeirante, ela precisou de ajuda para se locomover até a residência de um parente, onde chegou chorando e pedindo por socorro. "Eu perdi tudo, eu perdi um bujão, um fogão, minha roupa, cereais que eu tinha, eu perdi. Eu só não perdi o meu dinheiro porque tá guardado no banco. Se eu tivesse com esse dinheiro no bolso, tinha ido embora tudo. Mas quase morro", relata, com a voz ainda assustada.
Já Raimundo Felipe, 87, saiu de sua casa quando a água já estava batendo acima de seu joelho. Ele tentou resistir a necessidade de se retirar do espaço, mas precisou após perceber a gravidade da situação.
Diz ter perdido pouca coisa, pois conseguiu erguer móveis antes da residência ser atingida de "forma violenta". Aflito, foi ao abrigo disponibilizado pela prefeitura em busca de acolhimento. "Cheguei todo molhado, a roupa molhada dentro d'água. Mas graças a Deus tô aqui", frisa.
A Defesa Civil (DC) de Caucaia acompanha a ocorrência. Presente na escola onde famílias estão abrigadas, o coordenador do órgão, Márcio Pedrosa, pontua que a área costuma ser mais afetada por alagamentos.
"A prefeitura do município, ela vem atuando com a questão das limpezas e também com os avisos, do monitoramento, dos alertas com a população", diz.
Na escola, famílias estão recebendo refeições, como almoço e lanches, e suporte de órgãos da prefeitura voltados para a infraestrutura, patrimônio, saúde e assistência social. Ainda segundo Márcio, em paralelo estão ocorrendo ações de prevenção, entre elas a de limpeza. Ideia é que populares possam voltar para casa em segurança "daqui a alguns dias", com a situação já amenizada.
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