A montadora chinesa BYD tem planos robustos para o Brasil neste ano. Para demonstrar a força que o mercado brasileiro tem para a marca, ela trouxe, de uma só vez, 5.524 veículos híbridos e elétricos das famílias Dolphin, Song e Yuan, no BYD Explorer Nº1, que atracou no final da última semana no Portocel, porto localizado no município de Aracruz, no Espírito Santo.
Deste montante, 5% deve abastecer o mercado do Ceará, segundo Rogério Suzart, gerente nacional de Logística da montadora chinesa. Os veículos são para composição de estoque, já que não há demanda reprimida das concessionárias do Estado, ainda conforme o executivo.
"Esse volume recebido agora vai para o nosso Centro de Distribuição, aqui no Espírito Santo e saem para todo o País sob demanda das concessionárias, via rodoviário", explica.
Suzart explicou ainda que escolha do Espírito Santo para o desembarque do navio ocorreu em razão do posicionamento geográfico do estado (em área central do País), facilitando o abastecimento das regiões Sul e Nordeste, além da Sudeste onde está localizado, e dos incentivos fiscais que o estado capixaba oferece à importação.
Mesmo com previsão de começar a operar na fábrica em Camaçari ainda este ano, a ideia da BYD é continuar importando carros para o Brasil. Essa é a segunda vez que o navio atraca no País, a primeira foi em maio do ano passado, no Porto de Suape, em Pernambuco.
Todos os veículos trazidos desta vez foram levados para pátios da empresa logística GDL, nas cidades de Cariacica e Viana, onde passam pelo processo de alfandegamento e nacionalização.
Novo Centro de Distribuição de peças
Também no Espírito Santo, na cidade de Cariacica, a montadora chinesa está concentrando a sua distribuição de peças. Após algumas reclamações de clientes quanto à falta de peças de reposição para os modelos que já circulam pelas cidades brasileiras, a BYD anunciou a duplicação do estoque de componentes, passando de 370 mil para 718 mil peças, um aumento de 94%. Ao todo são R$ 140 milhões investidos em peças já disponíveis para os concessionários.
Além disso, o Centro de Peças e Partes, como é chamado o CD pela chinesa, teve a área física ampliada, passando de 4,5 mil metros quadrados para 24,5 mil m², o que representa uma expansão de 444%. Operada pela empresa GDL, a expedição diária passou de 600 para 2.661 peças, um aumento de 343%.
Das peças mais requisitadas estão os filtros trocados nas revisões dos veículos e componentes de lataria, como para-choques, capôs e portas, necessários quando ocorrem acidentes. Atualmente, todos os componentes são trazidos da China para o Brasil.
Com estas novas medidas, peças pedidas por concessionárias do Ceará têm prazo de 4 a 10 dias para chegar ao destino, dependendo se for feito via transporte aéreo ou rodoviário, respectivamente.
Outra melhoria no setor de pós-venda é a integração dos sistemas com concessionários, que já está em fase final de desenvolvimento e tem previsão de implantação no começo o segundo trimestre. A integração permitirá o processamento automático de pedidos e o rastreamento em tempo real das entregas.
De forma geral, o Nordeste representa 25% da demanda do Centro de Peças e Partes da BYD e a empresa não especificou números por estado, por ser uma "operação muito dinâmica".
Assim que a fábrica na Bahia estiver funcionando, é possível que se tenha um centro de distribuição de peças no local, o que pode otimizar o abastecimento aqui na região.
São Paulo, por ser o seu maior centro consumidor atual, também ganhará um novo Centro de Distribuição. O local será inaugurado no segundo semestre deste ano, em Araçariguama, interior do estado, também buscando maior agilidade no atendimento ao consumidor final.
Números da montadora
No ano passado, segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), o Dolphin GS 180EV foi o elétrico mais vendido no Ceará. No Brasil, a BYD emplacou 76.811 veículos no mesmo período, sendo responsável por 7 a cada 10 veículos elétricos vendidos e 1 a cada 4 híbridos. Para este ano, a meta é passar dos 100 mil carros.
Ainda no ano passado, no mundo, a montadora se tornou a terceira marca mais vendida. Ao todo, foram 4,3 milhões de unidades comercializadas, um crescimento de 41% em relação ao ano anterior.
Produção nacional vai atrasar
A produção da BYD na unidade de Camaçari (antiga fábrica da Ford) deve iniciar no segundo semestre deste ano. O complexo na Bahia será o maior fora da China e terá capacidade para produzir 150 mil veículos por ano na primeira etapa e até 300 mil numa segunda etapa.
Houve um atraso no início da operação — que deveria ocorrer no próximo mês de março, principalmente por conta das denúncias de condições análogas à escravidão e o resgate feito pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e outros órgãos federais, de empregados da Jinjiang Construction Brazil Ltda, empresa terceirizada contratada para construção da fábrica.
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