O Ceará já registrou 310 casos de febre do Oropouche, desses, a grande maioria (307) é considerada autóctone, ou seja,os pacientes foram infectados nos próprios municípios de residência, localizados na região do Maciço de Baturité. No entanto, pela primeira vez, foram identificados casos em moradores da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Três casos foram classificados como “importados”, o que significa que os pacientes contraíram o vírus em outra localidade, mesmo residindo fora da área de circulação ativa da doença. Os municípios com esses registros são Fortaleza, Maracanaú e Quixadá.
As investigações epidemiológicas indicaram que essas pessoas estiveram recentemente em Baturité e Capistrano, localidades onde o vírus já circula, e foram infectadas durante a estadia nessas áreas.
Os dados atualizados pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) mostram que os casos autóctones estão concentrados nos municípios de Aratuba (81 casos), Baturité (224), Capistrano (1) e Mulungu (1), todos pertencentes à Coordenadoria Regional de Saúde (Coads) de Baturité.
Dentre os casos autóctones, três foram registrados em gestantes, o que corresponde a 0,9% dos infectados, sendo dois desses em Baturité e um em Capistrano.
Febre do Oropouche: como ocorre a transmissão
De acordo com Sesa, a febre do Oropouche é uma arbovirose transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.
O vírus também pode ser disseminado por outras espécies, como o Culex quinquefasciatus, comum em zonas urbanas. Embora tenha histórico de circulação na região Norte do Brasil desde os anos 1960, o vírus tem avançado para áreas urbanas nos últimos anos.
De acordo com o secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Silva Lima Neto, a febre do Oropouche é uma doença relativamente nova para a população cearense, que teve os primeiros contatos com ela no ano passado.
Houve um aumento significativo dos casos a partir de maio de 2024, seguido de uma redução no fim do ano. Com o retorno das chuvas em 2025, os registros voltaram a crescer, especialmente no município de Baturité. Aratuba também tem apresentado casos relevantes neste ano.
Febre do Oropouche: conheça os sintomas da doença
A febre do Oropouche se manifesta com sintomas semelhantes aos de outras arboviroses como dengue e chikungunya: febre alta, dores de cabeça, dores no corpo e articulações, além de náuseas e diarreia.
O diagnóstico é feito por meio do exame RT-PCR, indicado para os primeiros dias de sintomas. O Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) é o órgão responsável pelas análises laboratoriais no Ceará.
“O mosquito transmissor não é o mesmo da dengue, e isso muda completamente a forma de enfrentamento. Ele está muito associado a regiões úmidas, com vegetação densa e áreas com bananais. Por isso, é fundamental remover folhas acumuladas perto das casas e evitar exposição nos horários em que o inseto costuma aparecer, principalmente no fim da tarde e no início da manhã”, explica Tanta.
Febre do Oropouche: saiba como se prevenir
Antonio Silva Lima Neto, em vídeo enviado pela Sesa, alertou sobre a importância das medidas preventivas, como o uso de repelentes, roupas com mangas compridas e a evitação de exposição ao ar livre nos horários de maior atividade do mosquito (ao amanhecer e ao entardecer), especialmente para populações mais vulneráveis como gestantes.
Além disso, a Sesa reforça a importância da eliminação de criadouros dos mosquitos vetores. A limpeza de quintais, a remoção de água parada e de folhas acumuladas são ações simples que contribuem significativamente para a prevenção.
Equipes da saúde estadual estão atuando diretamente nos municípios com registros, realizando visitas técnicas, monitoramento de casos suspeitos, captura de vetores e capacitação de profissionais locais.
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