No Ceará, seguindo uma tendência do país, as taxas de fecundidade total (TFT) têm apresentado sucessivas e significativas quedas, indicando a redução do número médio de filhos. Números divulgados nesta sexta-feira (27) e calculados com base no Censo Demográfico 2022 comprovam esse fenômeno.
Em 2022, a Taxa para o Ceará foi de 1,51. O valor é menor do que o registrado no Censo do ano 2000 (2,58). Tendências apontam que o número de filhos por mulher deve continuar em queda nas próximas décadas.
A Taxa é uma medida que relaciona o número de nascimentos ocorridos em um grupo de idade das mães com o total de mulheres daquele mesmo grupo etário. Assim, expressa o número médio de filhos que cada grupo teria ao final de seu período reprodutivo (compreendido entre 15 e 49 anos).
Os novos dados, analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram o envelhecimento da curva de fecundidade no Ceará, com o deslocamento da maior proporção de filhos tidos de mulheres mais jovens para outras com idades mais avançadas.
Idade média das mães
A idade média da fecundidade é um importante indicador que revela tendências no comportamento reprodutivo, indicando, dentre outras coisas, se as mulheres estão tendo filhos mais cedo ou mais tarde.
No Ceará, a idade média da fecundidade passou de 27,1 anos em 2010 para 28,3 anos em 2022 (aumento de 1,2 ano).
Mulheres mais velhas sem filhos
Os dados dos Censos Demográficos também indicam que o percentual de mulheres de 50 a 59 anos que não tiveram filhos nascidos vivos, ou seja, que chegaram ao final da vida reprodutiva sem ter tido filhos, aumentou no mesmo período.
No contexto cearense, o percentual de mulheres de 50 a 59 anos que não tiveram filho nascido vivo era de 12,4% em 2010, número que passou para 17,5% em 2022 (aumento de 5,1 pontos percentuais).
Além disso, o número médio de filhos por mulher de 50 a 59 anos também decaiu: era de 3,8 em 2010, e reduziu para 2,5 no último levantamento.
Para o Instituto, isso “está associado à postergação da maternidade e à redução do desejo de ter filhos”.
Fecundidade por raça, escolaridade e religião
A análise da fecundidade por cor ou raça também é importante porque revela desigualdades sociais, econômicas e culturais dentro de uma sociedade. Esses fatores influenciam diretamente o comportamento reprodutivo das mulheres e ajudam a entender dinâmicas demográficas mais complexas.
Para o Ceará, comparando 2010 a 2022, houve aumento da idade média da fecundidade nas três raças descritas, com curva mais acentuada entre mulheres brancas:
Branca: de 27,5 para 29,2 anos (+1,7)
Preta: 26,8 para 27,8 anos (+1)
Parda: de 27 para 28 anos (+1)
O IBGE também aponta que há uma associação entre posição socioeconômica da população e níveis de fecundidade: grupos menos instruídos ainda apresentam taxas de fecundidade mais elevadas.
Essa diferença, porém, vem se reduzindo nas últimas três décadas em todas as regiões.
Os dados do Ceará mostram aumento da idade média de fecundação das mulheres de todos os tipos de instrução, embora os maiores valores ainda sejam daquelas com menor escolaridade:
Sem instrução e fundamental incompleto: de 26 para 27,3 anos (+1,3)
Fundamental completo e médio incompleto: de 26,7 para 27,5 anos (+0,8)
Médio completo e superior incompleto: de 27,9 para 28,5 anos (+0,6)
Superior completo: permaneceu em 31,5 anos
O componente religioso também foi investigado no Censo. Ainda que não haja detalhamento por Estados, o contexto nacional mostra taxa de fecundidade maior entre mulheres evangélicas (1,74), seguidas por católicas (1,49), mulheres sem religião (1,47), seguidoras de outras religiosidades (1,39), umbandistas e candomblecistas (1,25) e espíritas (1,01).
Por que medir a fecundidade?
Segundo o IBGE, a fecundidade é uma das componentes demográficas mais importantes para analisar a evolução demográfica de uma população, já que o ritmo de crescimento, a pirâmide etária e o envelhecimento do País estão diretamente relacionados aos nascimentos ocorridos ao longo do tempo.
Para todos os grupos pesquisados, houve aumento da idade média da fecundidade entre os três últimos Censos Demográficos (2000-2022).
O Instituto avalia que isso tem relação direta com uma série de mudanças sociais, econômicas e culturais, como o aumento da escolaridade feminina e da participação das mulheres no mercado de trabalho e o maior acesso a métodos contraceptivos, adiando a maternidade.
Mín. 20° Máx. 29°